Aqui inúmeros povos se
acham abismados nas trevas da idolatria por falta de apóstolos que os
esclareçam.
Que de vezes me vem ao pensamento, que, se eu o pudesse,
transportar-me-ia à Europa; e a despeito de passar por louco, quereria
percorrer as academias e dizer a todos aqueles sábios, especialmente aos de
Paris, e a todos aqueles homens que têm mais doutrina do que caridade:
"É devido a vós que uma infinidade de almas são excluídas do reino
dos Céus!" Ah! prouvera a Deus!, digo a mim mesmo muitas vezes, que esses
doutores tivessem tanto empenho pela salvação das almas, como têm pelas
ciências humanas! Um dia terão eles de dar contas bem rigorosas da ciência que
adquiriram e dos talentos que lhes foram confiados! É possível que esta idéia
os assustasse e comovesse! é possível que se entregassem por alguns momentos à
oração e ouviriam então a voz de Deus! Talvez fizessem um esforço sobre si
mesmos; desprender-se-iam dos seus hábitos terrestres e se entregariam
inteiramente à disposição da vontade de Deus. Chegariam, finalmente, a exclamar
do fundo do coração:
"Senhor, eis-me aqui; eu sou vosso todo vosso! Mandai-me para onde
quiserdes, até mesmo para as Índias!"
Grande Deus! Quanto a vida lhes seria agradável! que paz gozariam! Com
que tranquilidade e confiança eles se apresentariam ao juízo do Deus vivo, do
qual ninguém poderá esquivar-se! Então, como o servo do Evangelho, diriam com
alegria: Senhor, vós me concedestes cinco talentos, eis aí como eu adquiri
outros cinco .
...Deus sabe que, na impossibilidade de voltar à Europa, tenho pensado
muitas vezes em escrever para á Universidade de Paris, e particularmente aos
nossos doutores Corne e Picard para lhes fazer ver o
prodigioso e infinito número de almas que seria fácil chamar ao conhecimento de
Jesus Cristo, se os homens estivessem menos ocupados da sua glória pessoal do
que da de Deus.
Rogai, pois, meus amados irmãos, rogai ao Senhor das conquistas para que
envie obreiros para o seu campo!
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