ICONOGRAFIA XAVERIANA
(pinturas, gravuras, fotografias, desenhos, esculturas, etc.)INFÂNCIA / FAMÍLIA / O CASTELO DE XAVIER / ESPANHA
Despedidas de Xavier no Castelo da família na partida para París na França |
Vida noturna (festas) num Bairro Latino de París |
NA FRANÇA / INÁCIO DE LOYOLA / COMPANHIA DE JESUS
O encontro do Sr. Inacio com o jovem Francisco |
A conversão de Xavier por Inácio de Loyola |
Inácio de Loyola (Santo) |
Pedro Favre (beato) amigo de Xavier |
Fundação da Companhia de Jesus |
Os 7 primeiros Jesuítas. Em 1534 |
ITÁLIA / PORTUGAL / VIAGEM PARA A ÍNDIA
PREDESTINAÇÃO DE XAVIER: "avisado" em sonho
Sonho de Xavier enquanto estava na Itália (levava um índio nas costas) |
Xavier encontra-se com o Papa Paulo III. Tornou-se depois Nuncio Apostolico da Santa Sé |
O ENVIO PARA AS MISSÕES NAS ÍNDIAS / DESPEDIDA COM INÁCIO DE LOYOLA
Xavier, enviado por Santo Ínacio 1541 |
Em Portugal / viagem para a Índia
Despedidas de Xavier em Portugal na corte do rei D. João III |
NA ÍNDIA (INICIO DO APOSTOLADO DE XAVIER) 10 ANOS EM MISSÃO
primeiras ocupações |
Antes de prosseguir, e já tendo mostrado as ilustrações que retratam a vida de São Francisco Xavier, até o pontapé inicial, a chegada na Índia, quiz descrever primeiramente a fisionomia deste que passará a ser retratado como santo.
FISIONOMIA DO SANTO FRANCISCO XAVIER
(Orando / em êxtase)
Olhos fitos no céu (oração)
olhos fitos + mãos cruzadas no peito
olhos fitos + mãos cruzadas + segurando o crucifixo
olhos fitos + bastão + com a cruz ao peito
Detalhe: cabelo "estilo franciscano" |
olhos fitos + chama no peito
outras referências
com a campainha na mão: Xavier catequista
XAVIER COM BASTÃO (CAJADO)
Como pregador
Xavier com a cruz de Cristo
símbolo do pregador
Enculturação da imagem de São Francisco Xavier
iconografia com traços característicos dos diferentes povos/nações por onde passou
principal iconografia de Xavier "de latino/ocidental" |
Iconografia de Xavier "de espanhol" |
Iconografia de Xavier "de indiano" |
Iconografia de Xavier "de Indonésio" |
Iconografia de Xavier "de japonês" |
Iconografia de Xavier "de inglês" |
como cartaz, festivo |
para parâmetro litúrgico |
monumento |
O cabelo raspado no centro da cabeça se chama tonsura e, tal qual os franciscanos, representa o voto de castidade de São Francisco Xavier . A tonsura tinha também o de renúncia das vaidades e ser como o Cristo, sendo coroado rei que se oferece a serviço de todos.
São poucas as representações deste modo.
<Pedro Kano (atrib.), tela sobre óleo, sec. XVIII, Museu de Kobe (Japão)
Um quadro setecentista da Escola Japonesa Kano atribuído ao pintor Pedro Kano e actualmente no Museu de Kobe, Japão, é uma das mais célebres pinturas representando S. Francisco Xavier. Neste quadro Francisco Xavier de meio corpo veste a sotaina e o manto, cruza os braços sobre o peito, e de olhos erguidos para o céu profere o célebre lema “Satis est, Domine Satis est”, alusão aos seus momentos de êxtase sofridos em Goa entre Setembro de 1551 e meados de 1553. Este quadro ilustra assim uma cena tipicamente contra-reformista que, graças à gravura flamenga a partir de Hieronymus Wierix nos finais do séc. XVI - inícios do séc. XVII, se tornou um dos motivos iconográficos mais característicos de S. Francisco Xavier, após ter ser sido incluída na bula de canonização e ter decorado o Il Gesù durante as mesmas celebrações
Fig. 2: Pedro Kano (atrib.), tela sobre óleo, sec. XVIII, Museu de Kobe (Japão)
Um quadro setecentista da Escola Japonesa Kano atribuído ao pintor
Pedro Kano e actualmente no Museu de Kobe, Japão, é uma das mais célebres
pinturas representando S. Francisco Xavier. Neste quadro Francisco Xavier de
meio corpo veste a sotaina e o manto, cruza os braços sobre o peito, e de olhos
Fig. 2: Pedro Kano (atrib.), tela sobre óleo, sec. XVIII, Museu de Kobe (Japão)
Um quadro setecentista da Escola Japonesa Kano atribuído ao pintor
Pedro Kano e actualmente no Museu de Kobe, Japão, é uma das mais célebres
pinturas representando S. Francisco Xavier. Neste quadro Francisco Xavier de
meio corpo veste a sotaina e o manto, cruza os braços sobre
FRANCISCO XAVIER - PREGANDO
A iconografia de São Francisco Xavier como pregador constitui a retratação da sua principal atividade, a de missionário conversor dos pagãos. Para isso, o simbolo iconográfico comum é a ostentação na sua mão do crucifixo com a imagem do CRISTO CRUCIFICADO, que era a "imagem visual, física" do Deus Todo Poderoso que ele APRESENTAVA. Podemos notar diversas representações artísticas que, além do crucifixo, traz outras iconografias para o padre missionário. As quais destacaremos na sequencia:
( mas sem multidão)
Sem Crucifico + Dedo apontando
com Crucifixo + dedo Apontando
Com Crucifixo + Veste sacerdotal+ cabelo com tonsura
Com Crucifixo + Veste de Peregrino + Rosário |
Contemplando o Crucifixo (oração) + Veste de Peregrino + Bolsa |
crucifixo + Veste sacerdotal
em Vitral de igreja |
NO JAPÃO |
pregando + crucifixo + Descalço |
pregando + veste sacerdotal + crucifixo + lírio |
Pregando + lírio
Ato: Pregação - com VESTE SACERDOTAL + LÍRIO |
Com o breviário / figura sacerdotal
ESCREVENDO CARTAS
CELEBRANDO A SANTA MISSA
SONHOS DE XAVIER
A iconografia Xaveriana destaca dois sonhos de Xavier que, acaba por ser entendidas como predições, visões do futuro. De fato, a Predição constituiu uma das singuralidades deste grande, senão, o maior taumaturgo da Igreja Católica em toda a História. Os dois sonhos mostram Xavier em missão EXAUSTIVA na Índia (duas figuras acima, onde ele sonhou que carregava um indio muito pesado nos ombros) e no Japão (figura abaixo, onde Xavier caminha longa distância atrás de um cavaleiro e descalço no gelo).
XAVIER - BATIZADOR
vários povos
Batizando indios (pobres)
Batizando japoneses (nobres e até reis)
COM LÍRIO (símbolo de castidade)
Outras virtudes de santidade (pureza e espírito de mortificação)
Um quadro atribuído ao pincel do flamengo Anthony Van Dyck (1599-1641) nas colecções dos Museus do Vaticano mostra anjos a colocar uma coroa de rosas na cabeça de Francisco Xavier, enquanto lhe oferecem um lírio, símbolo iconográfico da pureza ou da castidade. A difusão desta iconografia iniciou-se todavia ainda no séc. XVI. Na descrição das pinturas perdidas que decoravam o noviciado romano da Companhia de Jesus de Sant’Andrea al Quirinale nos inícios de 1580 pelo jesuíta francês Louis de Richeôme (1611) lê-se: “num dos cantos da enfermaria que tinha sido dedicada a Francisco Xavier, pode-se observar um lírio, no outro canto uma rosa. Estas flores significavam as virtudes raras da castidade e caridade deste homem santo e que eram notáveis nele”41. A iconografia difundiu assim a iconografia de Francisco Xavier com um lírio na mão. Conhecemos várias outras representações nas quais Nossa Senhora entrega o lírio ao Santo. A virtude da pureza ou castidade foi aliás objecto de inquirição durante os primeiros processos realizados em Goa e Cochim entre 1556 e 1557, tendo sido confirmada pela bula de canonização. A difusão desta virtude atribuída a Francisco Xavier foi sobretudo difundida pela biografia de Inácio de Loyola pelo P. Pedro de Ribadeneira a partir de 158742. Em 1536 Inácio de Loyola deixou Lisboa em direcção a Veneza com os seus primeiros companheiros, incluindo Francisco Xavier. De acordo com a hagiografia e a iconografia, Loyola e os seus companheiros caminharam descalços, estavam vestidos pobremente e sofreram grandes padecimentos ao cruzarem os Alpes cheios de neve durante um Inverno particularmente agreste. 39 Georg Schurhammer SJ, “Das Krebswunder Xaver - eine budhistische Legende?”, in Monumenta Xaveriana, ed. Georg Schurhammer (Roma: Institutum Historicum Societatis Iesu, 1964), III, 537-564. 40 Carta do P. Simão de Fiegueiredo ao P. Diogo Monteiro, Goa, 25 de Novembro de 1614, in Monumenta Xaveriana, II, 144 e Osswald 2007, 133-134. 41 Louis Richeôme SJ, La peinture spirituelle ou l’art d’admirer, aimer et louer Dieu, (Lyon: chez Pierre Rigault, 1611), 427. 42 Usamos a reedição mais recente da biografia do P. Inácio de Loyola pelo P.Ribanedeira data de 1989. (Pedro de Ribadeneira SJ, Vita de Ignatio de Loyola (Milão: Claudio Gallone, 1989).
Um quadro atribuído ao pincel do flamengo Anthony Van Dyck (1599-1641) nas colecções dos Museus do Vaticano mostra anjos a colocar uma coroa de rosas na cabeça de Francisco Xavier, enquanto lhe oferecem um lírio, símbolo iconográfico da pureza ou da castidade. A difusão desta iconografia iniciou-se todavia ainda no séc. XVI. Na descrição das pinturas perdidas que decoravam o noviciado romano da Companhia de Jesus de Sant’Andrea al Quirinale nos inícios de 1580 pelo jesuíta francês Louis de Richeôme (1611) lê-se: “num dos cantos da enfermaria que tinha sido dedicada a Francisco Xavier, pode-se observar um lírio, no outro canto uma rosa. Estas flores significavam as virtudes raras da castidade e caridade deste homem santo e que eram notáveis nele”41. A iconografia difundiu assim a iconografia de Francisco Xavier com um lírio na mão. Conhecemos várias outras representações nas quais Nossa Senhora entrega o lírio ao Santo. A virtude da pureza ou castidade foi aliás objecto de inquirição durante os primeiros processos realizados em Goa e Cochim entre 1556 e 1557, tendo sido confirmada pela bula de canonização. A difusão desta virtude atribuída a Francisco Xavier foi sobretudo difundida pela biografia de Inácio de Loyola pelo P. Pedro de Ribadeneira a partir de 158742. Em 1536 Inácio de Loyola deixou Lisboa em direcção a Veneza com os seus primeiros companheiros, incluindo Francisco Xavier. De acordo com a hagiografia e a iconografia, Loyola e os seus companheiros caminharam descalços, estavam vestidos pobremente e sofreram grandes padecimentos ao cruzarem os Alpes cheios de neve durante um Inverno particularmente agreste. 39 Georg Schurhammer SJ, “Das Krebswunder Xaver - eine budhistische Legende?”, in Monumenta Xaveriana, ed. Georg Schurhammer (Roma: Institutum Historicum Societatis Iesu, 1964), III, 537-564. 40 Carta do P. Simão de Fiegueiredo ao P. Diogo Monteiro, Goa, 25 de Novembro de 1614, in Monumenta Xaveriana, II, 144 e Osswald 2007, 133-134. 41 Louis Richeôme SJ, La peinture spirituelle ou l’art d’admirer, aimer et louer Dieu, (Lyon: chez Pierre Rigault, 1611), 427. 42 Usamos a reedição mais recente da biografia do P. Inácio de Loyola pelo P.Ribanedeira data de 1989. (Pedro de Ribadeneira SJ, Vita de Ignatio de Loyola (Milão: Claudio Gallone, 1989).
No Ocidente como no Oriente, a açucena ou o lírio são um atributo constante na iconografia xaveriana até à actualidade. A sua fixação como atributo iconográfico essencial da figura de Xavier está intimamente ligada à cronologia da sua beatificação e da sua canonização. Data de 1619 uma gravura do Padre Sadeler com este atributo, sendo de destacar que a estátua de S. Francisco Javier deco-rando o interior do Collegio Romano em 1622 segurava a açucena nas mãos36. a questão da castidade ou pureza de Francisco Xavier tinha antes sido objecto de especial interesse durante os processos de Cochim em 1556, tendo sido sobretudo divulgada ao grande público, graças à biografia de Inácio de Loyola pelo Padre Ribadeneira, que escreveu:
«consérvole Dios limpio en su virginidad, y sin mancilla»37.Como observado por Ricardo Fernández Gracia: «es frecuente leer cómo, entre tantas insignias que identificaban el santo jesuita – estandarte, cruz y otras – la que el santo prefería era la de las azucenas, por singular devoción a la Virgen. Por esta razón Javier se mostraba y manifestaba, publica y privadamente en sus apariciones con ellas, tal y como ocurrió en Pótamo»38.
NOTA:
37Monumenta Xaveriana, vol. II, 269, 270, e Pedro RIBADENEIRA SJ, Vita de Ignatio de Loyola,Madrid, 1967, Livro IV, Cap. 7, 651.
38Ricardo FERNANDEZ GRàCIA, San Francisco Javier en la memoria colectiva de Navarra. Fiesta, religiosidad e iconografía en los siglos XVII-XVIII, Pamplona, Gobierno de Navarra, 2004
36 Pietro TACCHI VENTURI SJ, Le immagini dei martiri della Compagnia di Gesù nell’addobbo del Tempio Farnesiano per la Canonizzazione del 1622, in La Canonizzazione dei Santi Ignazio di Loiola Fondatore della Compagnia di Gesù e Francesco Saverio Apostolo dell’Oriente, Ricordo del Terzo Centenario, XII Marzo 1922, (ed. Comitato Romano Ispano per le Centenarie Onoranze), Roma, 1922, 107
.FONTE: Maria Cristina Osswald
Até mesmo na iconografia da morte de Xavier o lírio é um dos componentes , mas fica com os anjos
MILAGRES
MILAGRE DO CARANGUEJO
Ainda mais espetacular é o celebérrimo milagre do caranguejo. De acordo com a tradição ou lenda hagiográfica, na Primavera de 1546, um caranguejo teria devolvido a Xavier o seu crucifixo caído ao mar perto da Nova Guiné. Este motivo iconográfico recorrente entrou na iconografia e na hagiografia xaverianas durante os processos de Cebú, Filipinas, em 1608 e é tanto mais importante, quanto para o Padre Schurhammer se trata dum episódio de origem europeia posteriormente transmitido à hagiografia budista.
Na arte oriental destacam-se dois extraordinários biombos com a alusão simbólica a este atributo xaveriano. Um destes objectos terá sido oferecido pela Cidade de Macau à Casa Professa de Roma em 1624 para agradecer o envio de uma relíquia do braço direito de Francisco Xavier. O outro biom-bo encontra-se actualmente no Museu dos Mártires em Nagasáqui, China. Em ambos os biombos um caranguejo no escudo dos soldados alude à protecção de Francisco Xavier34.
Como acontece frequentemente na hagiografia, esta história conheceu versões ou variantes menos conhecidas, mas não por isso menos curiosas, tais como a história transmitida pelo Padre Simão de Figueiredo no início do séc. XVII, segundo a qual o crucifixo teria sido substituído pelo relicário e o caranguejo teria tomado a forma de peixe: «hum Portugês mui antigo referio, que, indo hum dia embarcado com o P. Francisco, com outra muita gente, lhe sobreueio huma grande tempestade; e pedindo elles ao santo que lançasse no mar alguma relíquia, elle tirou o relicairo do pescoço e o lançou sobre as ondas, as quais logo se aquietarão, e a tormenta cessou. Hia o santo Padre um pouquo desconsolado de ficar sem relíquias; eisque, chegando á praya d’ahi muitas legoas; uem uir hum peixe por cima de agoa com o relicario na boca; e, chegado á terra, o deixou diante do Padre e se uoltou ao mar. A tudo se achou este português presente
TRANSFORMAÇÃO DA ÁGUA SALGADA DO MAR EM ÁGUA DOCE PARA BEBER
Francisco Xavier realizou a maior parte das suas viagens por mar, onde terão ocorrido alguns dos seus mais notáveis milagres. Citando Lorenzo Ortiz na sua magnifica obra San Francisco Javier, Príncipe del Mar (1682): Fig. 7: Autor indiano, Milagre da transformação da água salgada em água doce, óleo sobre tela, séc. XVII, Capela Mortuária de S. Francisco Xavier (foto da autora)
«Todos los casos de su prodigiosa vida son raros, todos tiernos, todos admirables que los que le sucedieron en el mar navegando, o en bien y alivio de los que de él dependían. Fuera del mar raras son sus profecias, sus milagros, sus conversiones, su poder y los efectos de su caridad»32.
O milagre da transformação da água salgada em água doce durante uma viajem por mar em 1552 é seguramente um dos milagres que mais contribuíram para a designação de Francisco Xavier, “o Milagre dos Milagres”, e sobretudo para o seu epíteto de “O Príncipe do Mar”. Este milagre que foi testemunhado por sessenta inquiridos durante os processos de 1616-1617 foi colocado no topo dos milagres incluidos na Relatio Super Sanctitate et Miraculis Patris Franciscis Xaverii em 1619.
O cronista jesuíta Sebastião Barradas, que compilou os relatos dos processos de 1616 e 1617, concluiu que Francisco Xavier teria transformado várias vezes água salgada em água doce, umas vezes com os pés, outras vezes da água recolhida pelos marinheiros, milagres condensados numa bonita pintura decorando a Capela de S. Francisco Xavier em Goa33.
ACALMANDO A TEMPESTADE
LEVITAÇÃO E GIGANTISMO
LEVITAÇÃO DURANTE A SAGRADA COMUNHÃO |
Sobre o GIGANTISMO, temos em dois momentos: um enquanto Levitava e batizava no navio e outro quando liderava o exercito cristão para combater os invasores bárbaros muçulmanos.
Enquanto Francisco Batizava no navio, o povo na praia pode ver este ato pois Xavier havia se tornado um Gigante que levitava no ar enquanto batizava.
ressuscitando um morto |
XAVIER COM O ROSÁRIO
SÃO FRANCISCO XAVIER CONTEMPLANDO A CHINA
CONTEMPLANDO A CHINA, TÃO PRÓXIMA, MAS PROIBIDA
ICONOGRAFIA DA MORTE DE SÃO FRANCISCO XAVIER
XAVIER DOENTE, SOLITÁRIOEm Sancião, Xavier doente |
Xavier agonizando
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A Morte de Francisco Xavier
A veneração do túmulo dum santo é uma dos aspectos principais do seu culto. No caso de S. Francisco Xavier, a veneração do seu túmulo iniciou-se praticamente logo após a sua morte. O seu corpo foi inumado de Sanchuão dois meses e meio após a sua morte, mais concretamente em 17 de Fevereiro de 1553 foi trasladado para Malaca onde chegou a 22 de Março de 1553, sendo finalmente transportado para Goa, onde, à sua chegada a 16 de Março de 1554, foi alvo duma imponente recepção liderada pelo Vice-Rei e na qual participaram membros de todos os institutos religiosos e da nobreza portuguesa, assim como a população local em grande número.
De imediato, o corpo de Xavier começou a dispensar milagres. Pois o seu corpo incorrupto e de bom odor vertia constantemente sangue e água fresca, como terá sido testemunhado, entre outros, pelo próprio Vice-rei, quando meteu a mão numa ferida aberta do corpo de Francisco Xavier por volta de 1556. Encontramos a referência a outros milagres precoces nos primeiros processos em Goa em 1556. Por exemplo, o escrivão dos órfãos António Rodrigues testemunhou acerca da cura milagrosa dos seus problemas do foro oftalmológico, após ter beijado os pés e as mãos de Francisco Xavier. Por sua vez, o Padre Baltazar Dias ter-se-á curado dos seus males de garganta, após ter pousado a garganta no corpo de Francisco Xavier.
A dupla trasladação do corpo de Francisco Xavier originou um importante culto junto do seu túmulo não só em Goa, como também em Sanchuão e em Malaca, tendo sido assinalados vários milagres durante as trasladações e junto aos seus três túmulos. Em especial, liga-se a Sanchuão um dos principais indícios da santidade de Francisco Xavier – a incorruptibilidade do seu corpo. Quando Diogo Pereira abriu o túmulo de Xavier em Sanchuão, ficou assombrado com a incorruptibilidade do corpo, não obstante o corpo ter sido coberto de cal viva para acelerar o processo de decomposição. Por essa razão, colocou algumas pedras sobre o túmulo que deviam servir de recordação. Em 1640 o Reitor de Macau ordenou que fosse ali colocada uma pedra sobre o monte decorada com uma inscrição latina e outra portuguesa. Seguiu-se, a partir de 1644, a proliferação de vários milagres. Em 1700 foi assim decidida a reconstrução do túmulo em Macau. Na origem de tal decisão encontra-se o facto de, após vários anos de seca, ter chovido, bênção divina que foi relacionada pelos devotos locais do santo com a reedificação do túmulo pelo italiano Padre Carocci dois anos antes.
Durante a Época Moderna, S. Francisco Xavier ganhou reputação como um dos santos mais eficazes em caso de peste ou epidemia, facto ilustrado em três quadros na Casa Professa de Goa e que representam Xavier em profunda oração pedindo o final da epidemia que então grassava na Ilha de Manar. A intercessão a Francisco Xavier é considerada, pelo menos tão eficaz in vita, como post mortem, no caso de epidemias de peste. Nesse sentido, vários moradores de Goa testemunharam em 1556 e 1567 que a peste cessara em Malaca logo após a chegada do cadáver àquela cidade.
Em paralelo à crescente veneração do corpo de Francisco Xavier, desenvolveu- se a iconografia da sua morte.
No Oriente, esta iconografia parece ter-se aliás desenvolvido exatamente na Índia e na China. No caso da arte indo-portuguesa conhecemos, porventura apenas documentalmente, várias obras representando este tema. No Fundo Schurhammer descobrimos aliás uma gravura do flamengo Fred. Bouttats, com a data de 1662, mas cujo subtítulo em latim é «Verdadeira Imagem, segundo o protótipo emitido em Goa, de S. F.co de Xavier, Apóstolo das Índias, morrendo afastado de todos». Esta gravura ter-se-á portanto inspirado no protótipo iconográfico da sua morte criado em Goa com a morte solitária de S. Francisco Xavier. Vemos, portanto, Francisco Xavier moribundo num tugúrio na Ilha de Sanchuão com o crucifixo e o rosário nas mãos, um barco simbolizando o sonho não realizado da viajem à China e uma segunda cabana de palha que foi um motivo muito divulgado pela gravura flamenga.
Curiosamente, não obstante a concepção iconográfica da morte solitária de Xavier ter sido, como vimos, eventualmente criada em Goa, a mesma concepção só se começou a impor na arte oriental no séc. XIX. O relevo em prata do seu túmulo, que se inspirou diretamente na respectiva gravura do ciclo de Regnartius, mostra já duas figuras, obviamente o convertido chinês Paulo de Santa Fé e o indiano Cristóvão junto a Xavier em agonia. De igual modo, uma pintura na Casa Professa de Goa representando Xavier moribundo e ainda com os anjos evoca a pintura do italiano Gaulli, mais conhecido por il Bacciccia, que com o Maratta foi um dos grandes especialistas da iconografia da morte de S Francisco Xavier.
Gaspar Conrado (atr.), Morte de S. Francisco Xavier, séc. XVII, óleo sobre tela, Cidade do México, Casa Professa. |
Xavier agonizando |
ROTAS DAS MISSÕES
Malasia (cidade de Malaca) Local de missão |
Ilhas Molucas na Indonésia |
rota da missão de Xavier no Japão |
última missão: China, 1552 |
Xavier, o santo que mais viajou em missão |
RETRATAÇÃO CELESTIAL: XAVIER E A VIRGEM MARIA
Imagem de Xavier ajoelhado no túmulo do Apóstolo São Tomé em Meliapor na India, 1545 |
ICONOGRAFIA: TÚMULO E CORPO INCORRUPTO
CULTURA MORTUÁRIA / CORPO INCORRUPTOCULTO A XAVIER: ROMARIA, PROCISÕES, ETC.
REPRESENTAÇÕES CELESTIAIS (E JUNTO COM OUTROS SANTOS)
São Francisco Xavier e a Companhia de Jesus
Pintor indiano, Cristo Salvador do Mundo com Santos Jesuítas, óleo sobre tela, séc. XVII, Bom Jesus, Goa |
Em uma outra iconografia muito divulgada pela arte indo-portuguesa e característica da grande devoção cristológica entre os jesuítas S. Francisco Xavier tem o Menino Jesus nos braços. Na minha opinião, esta iconografia que se salientou no Oriente, é uma simplificação da iconografia da Aparição de Nossa Senhora com o Menino Jesus a S. Francisco Xavier.
Pintor japonês anónimo, Nossa Sra com o Menino e os 15 mistérios do Rosário e os dois primeiros santos jesuítas, séc. XVII, aguarela, Museu da Universidade de Kyoto. |
A obra Imago Primi Saeculi, cuja publicação em 1640 celebrou o primeiro centenário da fundação da Companhia de Jesus, comparou os primeiros dois santos jesuítas, S. Inácio de Loyola e S. Francisco Xavier respectivamente ao Apóstolo S. Pedro e ao Apóstolo S. Paulo. Enquanto S. Inácio e S. Pedro ficaram em Roma, S. Paulo e S. Francisco Xavier foram enviados inter gentes. Assim, a arte jesuíta divulgou a representação dos quatro santos, como vemos numa porta da sacristia do Bom Jesus em Goa.
Estátuas dos primeiros quatro santos da Companhia passaram a decorar as fachadas das igrejas jesuíticas a partir do séc. XVII. Inácio de Loyola e Francisco Xavier encontram-se respectivamente à direita e à esquerda na parte superior da fachada. Sob estes, estão Luigi Gonzaga e S. Estanislau Koska. A sua organização e as suas vestes simbolizam os vários graus possíveis no interior da Companhia de Jesus. Inácio e Xavier vestidos de casula representam os padres, enquanto o noviço Gonzaga veste a simples sotaina e o escolástico Koska a sobrepeliz. Não obstante o facto de S. Francisco Xavier ter tido uma morte natural, ele tornou-se no ideal do missionário, e o seu exemplo inspirou muitos jovens europeus a seguirem os seus passos. Por essa razão, também no Oriente a arte da Companhia de Jesus vai difundir a imagem de S. Francisco Xavier entre os mártires da Companhia de Jesus.
RELÍQUIAS
IMAGENS SACRAS
MONUMENTOS E IGREJAS DEDICADOS A S. F. XAVIER
FESTAS, CARTAZES
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