terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Papa Bento XVI: São Francisco Xavier modelo de missionário santo

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI 
PARA A XXIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
(trecho nº 7)
Exibindo 1485866212496.jpg
A necessidade e a urgência da missão
Muitos jovens reflectem sobre a sua vida com apreensão e formulam muitas interrogações acerca do seu futuro. Preocupados, eles perguntam-se: como inserir-se num mundo assinalado por numerosas e graves injustiças e sofrimentos? Como reagir ao egoísmo e à violência, que por vezes parecem prevalecer? Como dar pleno sentido à vida? Como contribuir para que os frutos do Espírito, que recordámos acima, "caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e temperança" (ponto n. 6), inundem este mundo ferido e frágil, antes de tudo o mundo dos jovens? Com que condições o Espírito vivificador da primeira criação, e sobretudo da segunda criação ou redenção, pode tornar-se a nova alma da humanidade? Não esqueçamos que quanto maior é o dom de Deus e o do Espírito de Jesus é o máximo tanto maior é a necessidade que o mundo tem de o receber e, portanto, tanto maior e mais apaixonante é a missão da Igreja de dar testemunho credível do mesmo. E vós jovens, com a Jornada Mundial da Juventude, de certo modo testemunhais a vontade de participar em tal missão.
Caros amigos, a este propósito quero recordar-vos aqui algumas verdades de referência sobre as quais meditar. Mais uma vez, repito-vos que somente Cristo pode satisfazer as aspirações mais íntimas do coração do homem; só Ele é capaz de humanizar a humanidade e conduzi-la à sua "divinização". Com o poder do seu Espírito, Ele infunde em nós a caridade divina, que nos torna capazes de amar o próximo e de nos pormos com disponibilidade ao seu serviço. Revelando Cristo crucificado e ressuscitado, o Espírito Santo ilumina, indica-nos a vida para nos tornarmos mais semelhantes a Ele, ou seja, para sermos "expressão e instrumento do amor que dele dimana" (Encíclica Deus caritas est33). E quem se deixa guiar pelo Espírito, compreende que pôr-se ao serviço do Evangelho não é uma opção facultativa, porque sente como é urgente transmitir esta Boa Nova também aos outros. Todavia, é necessário voltar a recordá-lo, só podemos ser testemunhas de Cristo se nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo, que é "o agente principal da evangelização" (cf. Evangelii nuntiandi75) e "o protagonista da missão" (cf. Redemptoris missio21).
Dilectos jovens, como reiteraram várias vezes os meus venerados Predecessores Paulo VI e João Paulo II, anunciar o Evangelho e dar testemunho da fé é hoje mais necessário do que nunca (cf. Redemptoris missio1). Alguns pensam que apresentar o tesouro precioso da fé às pessoas que não a compartilham significa ser intolerante para com elas, mas não é assim, porque propor Cristo não significa impô-lo (cf. Evangelii nuntiandi80). De resto, há dois mil anos doze Apóstolos deram a vida para que Cristo fosse conhecido e amado. A partir de então, o Evangelho continua a difundir-se ao longo dos séculos, graças a homens e mulheres animados pelo seu próprio zelo missionário. Portanto, também hoje são necessários discípulos de Cristo que não poupem tempo nem energias para servir o Evangelho. São precisos jovens que deixem arder dentro de si o amor a Deus e respondam generosamente ao seu apelo urgente, como fizeram muitos jovens Beatos e Santos do passado e inclusive de épocas mais próximas a nós. Em particular, asseguro-vos que o Espírito de Jesus hoje vos convida, jovens, a serdes portadores da Boa Nova de Jesus aos vossos coetâneos. A indubitável dificuldade que os adultos têm de encontrar de maneira compreensível e convincente a classe juvenil pode ser um sinal com que o Espírito tenciona impelir-vos, jovens, a assumir esta responsabilidade. Vós conheceis os ideais, as linguagens e também as feridas, as expectativas e ao mesmo tempo o desejo de bem dos vossos coetâneos. Abre-se o vasto mundo dos afectos, do trabalho, da formação, da expectativa, do sofrimento juvenil... Cada um de vós tenha a coragem de prometer ao Espírito Santo que conduzirá um jovem para Jesus Cristo, do modo como melhor considerar, sabendo "responder com doçura a todo aquele que vos perguntar a razão da vossa esperança" (cf. 1 Pd 3, 15).
Mas para alcançar esta finalidade, queridos amigos, sede santos, sede missionários, porque nunca se pode separar a santidade da missão (cf. Redemptoris missio90). Não tenhais medo de ser santos missionários, como São Francisco Xavier, que percorreu o Extremo Oriente para anunciar a Boa Nova até ao extremo das suas forças, ou como Santa Teresa do Menino Jesus, que foi missionária, contudo sem jamais ter deixado o Carmelo: ambos são "Padroeiros das Missões". Estai prontos a pôr em jogo a vossa vida, para iluminar o mundo com a verdade de Cristo; para responder com amor ao ódio e ao desprezo pela vida; e para proclamar em todos os cantos da terra a esperança de Cristo ressuscitado.

fonte: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/messages/youth/documents/hf_ben-xvi_mes_20070720_youth.html

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Os dois maiores missionários: S. Paulo Apóstolo e S. Francisco Xavier

A Igreja Católica que na sua essência é missionária tem como alicerces da missão dois grandes santos em tempos diferentes mas com o mesmo empenho: evangelizar os pagãos, trazer mais pessoas para o cristianismo.



SÃO PAULO APÓSTOLO             SÃO FRANCISCO XAVIER
Resultado de imagem para paulo sao apostolo e francisco xavier
Imagem relacionada


NOMES
  • Ambos são conhecido pelo nome do lugar de origem
  • Paulo de TARSO 
  • Francisco de XAVIER
 CONVERSÃO
·           Ambos são conhecidos pelos fatos  místicos da conversão
·           Paulo convertido pela intervenção (sinal) de Cristo na visão
·           Xavier convertido pela insistência de Inácio de Loyola com a frase bíblica: “De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma”.

MISSÃO DA IGREJA
  • ·         Paulo inaugura a missão entre os pagãos, tidos como impuros. Deus é para todos, além de judeus e cristãos
  • ·         Já S. Francisco Xavier inaugura a expansão do CATOLICISMO para além da Europa. Agora, os Não europeus (pagãos) são acolhidos na Igreja de Cristo
  • ·         Ambos exerceram a missão entre os PAGÃOS. São tidos como Apóstolos dos Gentios
  • ·         Ambos fizeram 4 grandes viagens missionárias

Viagens missionárias
Paulo Ap.
S. F. Xavier
1ª Viagem
46-48
1542-1545
2ª viagem
49-52
1545-1548
3ª viagem
53-57
1549 – 1551
4ª viagem
59-62
1552-1552
  • ·         Paulo Século I – ABERTURA PARA POVOS ALÉM DA NAÇÃO DE ISRAEL
  • ·         Francisco Xavier – Sec. XVI – ABERTURA PARA OS POVOS ALÉM DA EUROPA 

DESTINOS DA MISSÃO
  • ·         Paulo levou o cristianismo para o centro do Mundo (Roma)
  • ·         Paulo: Ásia-Europa
  • ·         São Francisco Xavier levou  o cristianismo para os Confins do Mundo (Japão, China e Indonésia)
  • ·         Francisco Xavier: Europa-Asia

PAÍSES DE MISSÃO
  • ·         Paulo: Síria, Chipre, Turquia, Grécia, Israel e Itália
  • ·         Francisco Xavier: (Itália, Portugal) Índia, Sri Lanka, Malásia, Indonésia, Japão e China
     CARTAS
  •       Ambos escreveram muitas cartas
  •       São Paulo - 14 cartas
  •       São Francisco Xavier - 137 cartas


A MORTE NA DESOLAÇÃO
  • ·         Ambos tiveram como consolação o abandono e sofrimento no fim da missão
  • ·         Paulo foi preso e martirizado
  • ·         São Francisco Xavier viveu no abandono “exilado” no relento frio da Ilha chinesa

AMBOS FORAM OS SANTOS QUE MAIS:
  • ·         viajaram em missão
  • ·         fundaram comunidades
  • ·         converteram pagãos
  • ·         administraram o batismo de conversão

MILAGRES
·         Ambos operaram inúmeros milagres que serviam de sinais para conversão dos pagãos e idólatras.

VIAGENS DE PAULO
Resultado de imagem para paulo sao apostolo MAPA DAS VIAGENS
VIAGENS DE SAO FRANCISCO XAVIER
Resultado de imagem para paulo sao apostolo E SAO FRANCISCO XAVIER


São Francisco Xavier é chamado de "São Paulo do Oriente"   /  Apóstolo do Oriente

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A última missão de São Francisco Xavier


A última viagem


Retornando do Japão, pouco tempo se deteve o Pe. Francisco na Índia. Apenas o suficiente para atender as necessidades da Companhia de Jesus nessas terras e preparar a tão desejada viagem à China.
Um dedicado amigo do infatigável missionário, chamado Diogo Pereira, empregou toda a sua fortuna fretando um navio, carregando-o com esplêndidos presentes para o imperador da China e adquirindo magníficos paramentos de seda e de damasco, e todo tipo de ricos ornamentos para celebrar a Santa Missa com toda a pompa, de modo a dar aos chineses noção da grandeza da verdadeira religião que lhes seria anunciada.
Antes de viajar, o Santo escreveu ao Rei de Portugal, em abril de 1552: "Parto daqui a cinco dias para Malaca, que é o caminho da China, para ir dali, em companhia de Diogo Pereira, à corte do imperador da China. Levamos ricos presentes comprados por Diogo Pereira.
E da parte de Vossa Alteza levo um que nunca foi enviado por nenhum rei nem senhor a esse imperador: a Lei verdadeira de Jesus Cristo nosso Redentor e Senhor". Assim, no dia 17 de abril de 1552, embarcou na nave Santa Cruz para conquistar o império de seus sonhos

"Desamparado de todo humano favor"
No entanto, poucos dias de navegação haviam transcorrido, quando desencadeou- se terrível tempestade. A tripulação do navio, espantada com a violência dos elementos e tendo perdido qualquer esperança de salvação, pedia com grandes clamores o sacramento da Penitência. Francisco Xavier, imperturbável, recolheu-se em profunda oração. E imediatamente - assim como outrora à voz do Divino Salvador as águas do Lago de Genezaré haviam- se acalmado - o vento cessou de soprar e as ondas tornaram-se suaves e calmas pela fé e pelas preces desse humilde conquistador de impérios.
Mas a partir deste momento, não cessaram os infernos de levantar obstáculos e contrariar a viagem. "Tende por certo e não duvideis que de modo algum quer o demônio que os da Companhia do nome de Jesus entrem na China" - escreveu ele em novembro de 1552 aos padres Francisco Pérez e Gaspar Barzeo.
Chegando à cidade de Malaca, última escala antes de penetrar em águas chinesas, inopinadamente, o capitão português desse porto - que, aliás, devia seu cargo aos bons ofícios e recomendações de Francisco - impediu a continuação da viagem, alegando que só a ele caberia o comando de uma expedição à China...
Tendo sido inúteis todas as súplicas e rogos, empregou Francisco Xavier um último recurso: apresentou a bula papal que o nomeava legado pontifício, a qual até então nunca havia utilizado, e exigiu a plena liberdade de viajar à China em nome do Papa e do Rei de Portugal.
Além disso, anunciou ao obstinado capitão que incorreria em excomunhão se continuasse a impedir a partida do navio. Sem embargo, também isso foi inútil. A ambição e a cobiça desse infeliz levaram-no ao extremo de insultar e maltratar aquele peregrino da glória de Deus.
Finalmente, após várias semanas de espera, a nave Santa Cruz pôde singrar as águas em direção à China, mas sob o comando de homens nomeados pelo capitão português, o qual morreu pouco tempo depois, excomungado e corroído pela lepra.
Com o coração partido, Francisco revelou ao Pe. Gaspar Barzeo em julho de 1552: "Não podereis acreditar quanto fui perseguido em Malaca. Vou para as ilhas de Cantão, no império da China, desamparado de todo humano favor".

À espera do barco, olhando sem cessar para a meta.
Sancião era o nome dado pelos portugueses à inóspita ilha de Shangchuan, situada a 180 quilômetros da cidade de Cantão. Nessa ilha, onde os navios europeus costumavam aportar para comerciar com os chineses, desembarcou o santo missionário em outubro de 1552.
Esforçaram-se ali os portugueses por encontrar, entre os numerosos mercadores chineses, algum que se prontificasse a levá-lo a Cantão. Todos, porém, se escusavam, pois isso era vedado pelas leis imperiais, e os transgressores expunham- se a perder todos os haveres e até a própria vida. Por fim, um deles, decidido a correr o risco, se dispôs a transportar São Francisco numa pequena embarcação, mediante o pagamento de 200 cruzados.
"Os perigos que corremos neste empreendimento são dois, segundo a gente da terra: o primeiro é que o homem que nos leve, depois de receber os duzentos cruzados, nos abandone numa ilha deserta ou nos jogue no mar; o segundo é que, chegando a Cantão, o governador nos mande para o suplício ou para o cativeiro" - escreveu Xavier ao Pe. Francisco Pérez.
Esses perigos, porém, o infatigável apóstolo não os temia, pois seguro estava de que "sem a permissão de Deus, os demônios e seus asseclas nada podem contra nós".
Acompanhado de apenas dois auxiliares, um indiano e um chinês, ficou na Ilha de Sancião à espera do retorno do comerciante que se comprometera a transportá-lo. Celebrava diariamente ali o Santo Sacrifício do Altar, olhando sem cessar para o continente pelo qual com tanto ardor suspirava. Mas os dias e as semanas se passaram, e em vão aguardou Francisco a volta do chinês: este infelizmente nunca retornou.
Últimas palavras de um santo
As forças físicas do ardoroso missionário chegaram então ao termo. Uma altíssima febre o obrigou a recolher- se em sua improvisada cabana, onde, desamparado dos homens e padecendo frio, fome e toda classe de privações, deveria passar os últimos dias de sua heróica existência nesta terra de exílio.
Àquele varão que não conhecera o cansaço, àquele apóstolo que com sua palavra arrastava multidões, àquele taumaturgo que havia ultrapassado grandes obstáculos operando milagres portentosos, o Senhor do Céu e da Terra reservava a mais heróica e gloriosa das mortes: a exemplo de seu Mestre Divino, Francisco Xavier morreria no auge do abandono e da aparente contradição.
Alguns dias antes de entregar seu espírito, entrou em delírio, revelando então a magnitude do holocausto que a Providência lhe pedia: falava continuamente da China, de seu veemente desejo de converter esse império e da glória que adviria para Deus se esse povo fosse atraído para a Santa Igreja Católica...
morte_SFrancisco Xavier.jpgE nas primeiras horas da madrugada de 3 de dezembro de 1552, Francisco Xavier expirou docemente no Senhor, sem uma queixa ou reclamação, divisando ao longe aquela China que não conseguira conquistar e que tanto havia desejado depositar aos pés de seu Rei, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Suas derradeiras palavras foram estas frases de um cântico de glória: In te, Domine, speravi. Non confundar in aeternum. Em Vós espero, Senhor. Não me abandoneis para sempre!
A maior glória de Deus
À primeira vista, sobretudo para quem não tem seu olhar habituado a contemplar os horizontes infindos da Fé, a vida de São Francisco Xavier parece, em certo sentido, frustrada.
De Francisco Deus não queria a conversão da China, mas queria a sua alma.           (Morte de São Francisco, Igreja de São Pedro, Lima)

Quantas almas não se teriam salvo e quanta glória não haveria recebido a Santa Igreja se o imenso e super povoado império chinês houvesse sido evangelizado por este apóstolo de fogo! Entretanto, quando se encontrava ele, finalmente, às portas desta nação, depois de haver passado por dificuldades e combates de toda ordem, o chamado de Deus se fez ouvir: "Francisco, meu filho, cessa tua luta e vem a Mim!" Oh! mistério do Amor Infinito! De Francisco, Deus não queria a China... mas queria Francisco.
E o intrépido conquistador respondeu, sem hesitar, como Jesus no Horto das Oliveiras: "Senhor, faça-se a vossa vontade e não a minha. Sim, Redentor meu, cumpram-se, antes de mais nada e sobre todas as coisas, vossos perfeitíssimos desígnios e assim, e só assim, Vos será dada a eternidade!" maior glória nesta terra e por toda a eternidade.
Soprava com persistência o frio vento do norte e as ondas do oceano rompiam cada vez mais violentas naquela praia que parecia deserta. O céu, coberto de plúmbeas nuvens, escurecia rapidamente, prenunciando longa e tormentosa noite.

Não muito longe da beira do mar, elevava-se uma mísera cabana, feita com algumas pranchas de madeira carcomida, cuja cobertura de palha seca era agitada pelo vento glacial. Dentro dela, estendido sobre uma esteira, um homem agonizava.     Seu corpo exangue ardia consumido pela febre, mas seu olhar profundo e vivo espelhava um espírito de fogo, refletia a eternidade... Morria o Apóstolo do Oriente, Francisco Xavier.

S. Francisco Xavier e a castidade


No Ocidente como no Oriente, a açucena ou o lírio são um atributo constante na iconografia xaveriana até à atualidade. A sua fixação como atributo iconográfico essencial da figura de Xavier está intimamente ligada à cronologia da sua beatificação e da sua canonização. Data de 1619 uma gravura do Padre Sadeler com este atributo, sendo de destacar que a estátua de São Francisco Xavier decorando o interior do Collegio Romano em 1622 segurava a açucena nas mãos. A questão da castidade ou pureza de Francisco Xavier tinha antes sido objeto de especial interesse durante os processos de Cochim em 1556, tendo sido sobretudo divulgada ao grande público, graças à biografia de Inácio de Loyola pelo Padre Ribadeneira, que escreveu: Como observado por Ricardo Fernández Gracia



Ladainha: "Modelo de obediência e castidade, Rogai por nós!"


















S. Francisco Xavier, o “Príncipe do Mar”

 Autor indiano, Milagre da transformação
da água salgada em água doce,
óleo sobre tela, séc. XVII,
Capela Mortuária de S. Francisco Xavier
Ladainha de São Francisco Xavier: "A quem o vento e o mar obedeceu - Rogai por nós!"
Francisco Xavier realizou a maior parte das suas viagens por mar, onde terão ocorrido alguns dos seus mais notáveis milagres. Citando Lorenzo Ortiz na sua magnifica obra San Francisco Javier, Príncipe del Mar (1682):
        O milagre da transformação da água salgada em água doce durante uma viajem por mar em 1552 é seguramente um dos milagres que mais contribuíram para a designação de Francisco Xavier, “o Milagre dos Milagres”, e sobretudo para o seu epíteto de “O Príncipe do Mar”. Este milagre que foi testemunhado por sessenta inquiridos durante os processos de 1616-1617 foi colocado no topo dos milagres incluidos na Relatio Super Sanctitate et Miraculis Patris Franciscis Xaverii em 1619. O cronista jesuíta Sebastião Barradas, que compilou os relatos dos processos de 1616 e 1617, concluiu que Francisco Xavier teria transformado várias vezes água salgada em água doce, umas vezes com os pés, outras vezes da água recolhida pelos marinheiros, milagres condensados numa bonita pintura decorando a Capela de S. Francisco Xavier em Goa.
Ainda mais espetacular é o celebérrimo milagre (falso) do caranguejo. De acordo com a lenda hagiográfica, na Primavera de 1546, um caranguejo teria devolvido a Xavier o seu crucifixo caído ao mar perto da Nova Guiné. Este motivo iconográfico recorrente entrou na iconografia e na hagiografia xaverianas durante os processos de Cebú, Filipinas, em 1608 e é tanto mais importante, quanto para o Padre Schurhammer se trata dum episódio de origem européia posteriormente transmitido à hagiografia budista.
Na arte oriental destacam-se dois extraordinários biombos com a alusão simbólica a este atributo xaveriano. Um destes objectos terá sido oferecido pela Cidade de Macau à Casa Professa de Roma em 1624 para agradecer o envio de uma relíquia do braço direito de Francisco Xavier. O outro biombo encontra-se actualmente no Museu dos Mártires em Nagasáqui, China. Em ambos os biombos um caranguejo no escudo dos soldados alude à protecção de Francisco Xavier.

Como acontece frequentemente na hagiografia, esta história conheceu versões ou variantes menos conhecidas, mas não por isso menos curiosas, tais como a história transmitida pelo Padre Simão de Figueiredo no início do séc. XVII, segundo a qual o crucifixo teria sido substituído pelo relicário e o caranguejo teria tomado a forma de peixe: «hum Portugês mui antigo referio, que, indo hum dia embarcado com o P. Francisco, com outra muita gente, lhe sobreueio huma grande tempestade; e pedindo elles ao santo que lançasse no mar alguma relíquia, elle tirou o relicairo do pescoço e o lançou sobre as ondas, as quais logo se aquietarão, e a tormenta cessou. Hia o santo Padre um pouquo desconsolado de ficar sem relíquias; eis que, chegando á praya d’ahi muitas legoas; uem uir hum peixe por cima de agoa com o relicario na boca; e, chegado á terra, o deixou diante do Padre e se uoltou ao mar. A tudo se achou este português presente».

sábado, 21 de janeiro de 2017

São Francisco Xavier e a ressurreição da filha de um homem rico

São Francisco Xavier e a ressurreição da filha de um homem rico 
A história afirma que quando São Francisco Xavier se achava em Cangoxima, no Japão, fez um grande número de milagres, o mais notável dos quais foi a ressurreição duma rica dama. Esta donzela morrera na flor da idade, e o pai, que a amava ternamente, estava a ponto de enlouquecer. Como ele era idólatra, não encontrava lenitivo para a sua aflição, e os seus amigos que iam consolá-lo não faziam mais do que aumentar a sua dor. Dois neófitos que o foram ver, antes de se proceder ao funeral daquela que ele chorava noite e dia, aconselharam-no que procurasse socorro junto do santo homem que fazia tão grandes coisas e pedisse-lhe, com confiança, a vida de sua filha. O pagão, persuadido pelos neófitos de que nada era impossível ao bonzo da Europa, e começando a manter uma esperança contra todas as aparências humanas, como acontece de ordinário aos aflitos, que creem facilmente em quem os consola, foi procurar o Padre Francisco, lançou-se aos seus pés, e pediu-lhe com as lágrimas nos olhos que ressuscitasse uma filha única que acabava de perder, acrescentando que seria restituir-lhe a vida a ele mesmo. Xavier, condoído da fé e da aflição do pagão, retirou-se com o seu companheiro Fernandes para orar a Deus, e voltando pouco tempo depois, disse ao pai inconsolável: ── Ide que vossa filha está viva. O idólatra, que esperava que o Santo fosse com ele à sua casa, e invocaria o nome do Deus dos cristãos sobre o corpo de sua filha, tomou aquelas palavras por zombaria e retirou-se descontente. Mas apenas tinha dado alguns passos, viu um dos seus criados, que, todo cheio de alegria, lhe gritou de longe, dizendo-lhe que sua filha estava viva. E viu-a daí a pouco, porque ela correra ao seu encontro. Depois dos primeiros abraços, a filha contou a seu pai que, apenas entregara a alma, dois demônios horríveis se apoderaram dela e a quiseram precipitar num abismo de fogo; mas dois homens de aspecto nobre e modesto a tinham arrancado das mãos daqueles dois carrascos e lhe restituíram a vida, sem que lhe fosse possível dizer como isso se fizera. O japonês compreendeu quais eram aqueles dois homens de quem lhe falava a filha, e conduziu-a logo a Xavier, para Lhe testemunhar o seu agradecimento, como era devido a um tamanho favor; e apenas ela viu o santo com o seu companheiro Fernandes, exclamou: ─ Eis os meus dois libertadores! E no mesmo instante pai e filha pediram o batismo. Schouppe, S.J., Pe. F. X., "O Dogma do Inferno", trad. bacharel formado em Teologia na Universidade de Coimbra, Liv. Católica Portuense, Porto, 1896, p.5

domingo, 15 de janeiro de 2017

Vida de sao Francisco Xavier: 15 anos de sacerdócio

Vida de São Francisco Xavier – II Publicado por L. Souza Amigos internautas, assim continua a história de São Francisco Xavier o “São Paulo do Oriente”: Francisco e mais alguns recebem a ordenação sacerdotal. Espalham-se pelas cidades, fazendo apostolado. “A renovação católica começa, e a onda protestante refluí.” Neste período, a pedido do rei de Portugal, Pe. Francisco Xavier, Pe. Paulo de Camerino e Francisco Mansilhas são escalados para pregar missões no Oriente. Na India Goa é cidade populosa, há 30 anos está em mãos dos portugueses. tem várias igrejas e uma catedral com seu bispo. É importante centro comercial. Francisco Xavier realizou uma das missões mais árduas da Igreja Católica. Ia de aldeia em aldeia, evangelizava os nativos, batizava as crianças e os adultos. Reunia as aldeias em grupos, fundava comunidades eclesiais e deixava outro sacerdote para tocar a obra, enquanto investia em novas frentes apostólicas noutra região. A partir de Goa – com o apoio do Vice-Rei – estende as missões pelo sul da Índia, Malaca, Ilhas Molucas. Organiza as comunidades, proíbe abusos, socorre os necessitados, separa brigas. Para defender a Religião, enfrenta a tudo e a todos! Além disso, faz muitas orações e penitências. Não esquece de recorrer a Nossa Senhora. Com intenso fervor, reza no túmulo do Apóstolo que pregou o Evangelho na Índia: São Tomé. Explica aos católicos e aos pagãos o Evangelho, os Dez Mandamentos, o catecismo; ensina orações, cânticos; administra os Sacramentos. “Se eu fosse dividido em dez partes, todas elas precisariam atender confissões”. O Japão Ele agora estuda uma língua do Japão. Pois daqui há pouco irá para lá, nadando, se não tiver navio. Antes dessa aventura, chega, com mais dois japoneses, um samurai chamado Hashiro, que diz: “Queremos conhecer o homem de Deus que tem o poder de perdoar os pecados”. Convertem-se, são batizados. Ficam amigos. No Japão tornam-se guias de Xavier, que permanece lá dois anos e pouco. Qual o seu método? Através das crianças, converte os adultos. Ele deixa lá uma robusta e florescente cristandade! Antes de voltar à Índia, faz esse elogio do Japão: “Seu povo é o melhor dos descobertos até agora!” No caminho da China, o Céu Conquistado o Japão, o gigante das missões quer o país dos dragões. Entretanto, nessa China lendária, o perigo é real: entrar sem autorização significa prisão e morte. Ele não se incomoda, pois é portador de uma mensagem de Fé! Mas os meios falham. Acompanhado de apenas dois auxiliares, um indiano e um chinês, ficou na Ilha de Sancião à espera do retorno do comerciante que se comprometera a transportá-lo. Celebrava diariamente ali o Santo Sacrifício do Altar, olhando sem cessar para o continente pelo qual com tanto ardor suspirava. Mas os dias e as semanas se passaram, e em vão aguardou Francisco a volta do chinês: este infelizmente nunca retornou! Em sua improvisada cabana, onde, desamparado dos homens e padecendo frio, fome e toda classe de privações, deveria passar os últimos dias de sua heróica existência nesta terra de exílio, adoeceu e uma febre persistente o debilitou! Àquele taumaturgo que havia ultrapassado grandes obstáculos operando milagres portentosos, o Senhor do Céu e da Terra reservava a mais heróica e gloriosa das mortes: a exemplo de seu Mestre Divino, Francisco Xavier morreria no auge do abandono e da aparente contradição. Mesmo vendo que seu grande desejo não ia se realizar, de nada reclama. Conforma-se com a vontade divina, e falece na paz de Deus, em 3 de dezembro de 1552. Suas derradeiras palavras foram estas frases de um cântico de glória: In te, Domine, speravi. Non confundar in aeternum. Em Vós espero, Senhor. Não me abandoneis para sempre! Seu corpo, é levado para Malaca e depois para Goa, onde está até hoje. A Igreja o beatificou em 1619, canonizando-o em 1622. Celebrado no dia de sua morte, como exemplo do missionário moderno, são Francisco Xavier foi, com toda justiça, proclamado pela Igreja patrono das missões, e pelo trabalho tão significativo recebeu o apelido de “São Paulo do Oriente”. A.L.L.S