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AOS SEUS COMPANHEIROS
RESIDENTES EM ROMA
Cochim, 15 de Janeiro 1544
Duma cópia em castelhano, feita em Coimbra em 1547
A graça e amor de Cristo nosso
Senhor seja sempre em nossa ajuda e favor. Amen.
Cartas que tem escrito
1. Há dois
anos e nove meses que parti de Portugal e, desde então, vos escrevi de cá três
vezes com esta1. Só umas cartas vossas recebi, desde que estou cá na Índia, as
quais foram escritas a 13 de Janeiro do ano de 1542(2). A consolação que recebi
com elas, Deus Nosso Senhor sabe. Estas cartas entregaram-mas haverá dois
meses3. Chegaram tão tarde à Índia, porque o navio em que vinham invernou em
Moçambique4.
...
...
Suas grandes consolações e alegrias. Missas
pelo cardeal Guidiccioni
13.
Destas partes, não sei que mais escrever-vos, a não ser que são tantas as
consolações que Deus Nosso Senhor comunica aos que andam entre estes gentios a
convertê-los à fé de Cristo, que, se contentamento há nesta vida, se pode dizer
que é este. Muitas vezes me acontece ouvir dizer a uma pessoa que anda entre
estes cristãos: «Ó Senhor, não me deis muitas consolações nesta vida32; ou, já
que as dais por vossa infinita bondade e misericórdia, levai-me para a vossa
santa glória, pois dá tanta pena viver sem ver-vos, depois de tanto vos
comunicardes interiormente às criaturas». Oh, se os que estudam letras, tantos
trabalhos pusessem em ajudar-se para sentir o gosto delas, como noites e dias
trabalhosos suportam para as aprender! Oh, se aqueles contentamentos que um
estudante busca em entender o que estuda, os buscasse em dar a sentir aos
próximos o que lhes é necessário para conhecer e servir a Deus, quanto mais
consolados e aparelhados se achariam para dar conta, quando Cristo lhes
perguntasse: «Dá-me conta da tua administração -
Lc 16,2»!
32 Cf. a exclamação tantas vezes atribuída a Xavier:
«Basta, Senhor, basta!» (MX II 950).
14. As
recreações que nestas partes tenho, são as de recordar-me muitas vezes de vós,
caríssimos Irmãos meus, e dos tempos em que pela muita misericórdia de Deus
Nosso Senhor vos conheci e convosco tratei, conhecendo em mim e sentindo
dentro, em minha alma, quanto por minha culpa perdi do tempo em que convosco
tratei, por não ter-me aproveitado dos muitos conhecimentos que Deus Nosso
Senhor de si vos tem comunicado. Faz-me Deus tanta mercê, por vossas orações e
lembrança contínua que de mim tendes em encomendar-me a Ele, que em vossa
ausência corporal reconheço que Deus Nosso Senhor, graças ao vosso favor e
ajuda, me dá a sentir a minha infinita multidão de pecados, e me dá forças para
andar entre infiéis; disto dou graças a Deus Nosso Senhor, muitas, e a vós,
caríssimos Irmãos meus. Entre muitas mercês, que Deus Nosso Senhor nesta vida
me tem feito e faz todos os dias, esta é uma: que em meus dias vi o que tanto
desejei, que foi a confirmação da nossa regra e modo de viver34. Graças sejam
dadas a Deus Nosso Senhor para sempre, pois teve por bem manifestar
publicamente o que no íntimo, ao seu servo Inácio e Pai nosso, deu a sentir.
No ano passado
escrevi-vos35 o número de Missas que, nestas partes das Índias, pelo Rvmº
cardeal Guidacion, dissemos, Micer Paulo e eu: as que, desde então para cá
dissemos, não sei o número delas, mas crede que todas as nossas missas são por
ele. Para consolação nossa, fazei-nos saber quanto se assinala no serviço a
Deus S.S.Rmª, e também para acrescentar-nos a devoção, a Micer Paulo e a mim,
de sermos perpétuos capelães seus. Não deixeis de escrever-nos do fruto que na
Igreja faz.
Termino,
rogando a Deus Nosso Senhor que, já que por sua misericórdia nos juntou e por
seu serviço nos separou para tão longe uns dos outros, nos torne a juntar na
sua santa glória.
Confiança na intercessão dos milhares de crianças que batizou e
morreram na inocência
15. E para
alcançar esta mercê e graça, tomemos por intercessores e advogados todas
aquelas santas almas destas terras onde ando, que, depois que por minha mão batizei,
antes de perderem o estado de inocência Deus Nosso Senhor levou para a sua
santa glória, cujo número creio que passa de mil. A todas estas santas almas
rogo que nos alcancem de Deus esta graça: que em todo o tempo que estivermos
neste desterro, sintamos no íntimo das nossas almas sua santíssima vontade e
essa perfeitamente cumpramos.
De Cochim, a
15 de Janeiro, ano de 1544
Vosso
caríssimo em Cristo irmão, FRANCISCO
34
Cf. Xavier-doc. 12,6. 35
Cf. Xavier-doc. 12,1.
CONCLUSÃO DA CARTA 70 A INÁCIO
CONCLUSÃO DA CARTA 70 A INÁCIO
16. Assim
cesso, rogando a vossa santa Caridade, Pai meu da minha alma46 observantíssimo,
de joelhos postos no chão enquanto esta escrevo como se presente vos tivesse,
que me encomendeis muito a Deus Nosso Senhor nos vossos santos e devotos
sacrifícios e orações, para que me dê a sentir a sua santíssima vontade nesta
vida presente e graça para a cumprir perfeitamente. Amen. E o mesmo encomendo a
todos os da Companhia.
De Cochim, a
12 de Janeiro ano 1549
Vosso
mínimo e mais inútil filho, FRANCISCO
46
Assim vivíssima conserva Xavier a recordação daquele a quem devia a sua
conversão e vocação.
CONCLUSÃO DA CARTA 71 A INACIO
CONCLUSÃO DA CARTA 71 A INACIO
13. Assim
cesso, rogando a vossa santa Caridade, pai meu da minha alma observantíssimo,
de joelhos em terra quando esta escrevo como se presente vos tivesse, que me
encomendeis a Deus Nosso Senhor nos vossos santos e devotos sacrifícios e
orações, para que me dê a sentir a sua santíssima vontade nesta vida e graça
para a cumprir perfeitamente, e terminada esta inquieta vida, nos junte na
glória do paraíso. Amen.
De Cochim, 14
de Janeiro 1549
Vosso mínimo e
inútil filho, FRANCISCO
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