Desde o início das atividades da Ordem, os jesuítas demonstraram que vieram para contra-atacar a heresia existente. O grupo fundador conseguiu harmonizar a formação espiritual e intelectual, de tal forma que conciliou a resistência física necessária ao desempenho das missões em terras longínquas e carentes de tudo, com a habilidade de estudar e conviver com as autoridades locais e colonizadores. Todos receberam noções de política, administração e finanças. Com grande capacidade de inculturação, estavam sujeitos a doenças desconhecidas resultantes de alimentos estranhos. Carentes de transporte e estradas, adentravam pelas matas e sertões percorrendo trechos intermináveis, geralmente a pé enxuto, atravessando pântanos e rios em busca de nativos e colonos dispersos. Em um só dia eram capazes de caminhar até quarenta quilômetros. Seguindo a orientação do provincial, concentravam esforços em primeiro educar os filhos dos nativos e os colonizadores portugueses ignorantes nas regiões do Oriente, bem como silvícolas, mamelucos e escravos na colônia do Brasil. Estavam convictos que a educação permitiria desenvolver a fé. Foram incansáveis nas missões.
Cultos por excelência, esforçavam-se em dominar a língua nativa e souberam incomodar as autoridades, implantando pacificamente, o medo e, através do poder da cultura, sobrepor a intolerância do poder. Apesar de humildes, sobressaíam na intelectualidade de um Valentin Stansel, estudioso do Brasil através de suas publicações Mercurius Brasilius e Uranophilus Caelestis Peregrinus.
Conscientes de que o conhecimento os conduzia à fé, já tinham no colégio em Salvador, uma biblioteca que ultrapassava 3500 volumes no fim do século XVII, onde poderia ser encontrado publicações do alemão, jesuíta e matemático Cristóvão Clávius cujos importantes trabalhos tais como a reformação do calendário gregoriano e a descoberta da segunda maior cratera da Lua, o fêz ser considerado o Euclides do século XVI. Nem mesmo o mecanismo de circulação sanguínea escapou de seus estudos conforme pode ser encontrado nos trabalhos do jesuíta português Francisco Soares Lusitano. Dos colégios jesuíticos da colônia saíram os melhores artífices e construtores da época.
Colaboração: Ubirajara de Carvalho
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