O CASTELO DE XAVIER - NOBREZA DA FAMÍLIA - XAVIER E SUA MÃE
O Castelo de Xavier
- 1 Na extremidade oriental da Navarra espanhola, não longe da
pequena cidade de Sanguese e no vale de Aibar, eleva-se majestosamente um
escarpado rochedo cercado por uma fortaleza cuja origem remonta aos primeiros
tempos do feudalismo. 2 Abrigada pelos Pirinéus e colocada como sentinela avançada
sobre os confins da Navarra, parece guardar a entrada e desafiar o Aragão a
transpor os limites da sua fronteira.
Capela do Castelo de Xavier |
3 As ameias, cuja plataforma é
cercada, as besteiras das suas fortes muralhas, as seteiras em rocha dura que
formam as suas trincheiras, atestam ainda hoje os assaltos que teve de
sustentar no tempo em que cada um dos diversos soberanos que reinavam na velha
Espanha estavam continuamente em guerra com os seus vizinhos, cujos direitos
contestavam.
4 Este antigo solar ali situado como um ninho de águias, era
somente acessível por uma rampa natural que ia terminar ao primeiro andar, cuja
porta era guarnecida de grossas barras de ferro.
5 Do lado oposto descia-se pelo andar inferior, para um vale
onde uma igreja e algumas habitações, em muito pequeno número, formam a aldeia
dependente da jurisdição do castelo.
6 Esta antiga fortaleza é o castelo de Xavier.
7 No começo do século XV a única herdeira da família de
Aznarez y Xavier, descendente dos primeiros soberanos da Navarra [,
levou este feudo para a casa de Azpilcueta pelo seu casamento com D. Martinho,
único descendente daquela nobre família e que ocupava um dos primeiros cargos
na corte. 8 Na sua morte, não deixou D. Martinho de Azpilcueta outros
herdeiros do seu nome além de um filho dedicado às ordens sacras, e uma filha
que reunia em si todas as qualidades desejáveis para poder honrar todos os
títulos e feudos de, seus pais.
Casamento de seus pais - 9 O rei de Navarra, João III , tomando o
lugar de pai da bela e rica herdeira Maria de Azpilcueta de Aznarez y Xavier,
que reconhecia como sua parente, 10 escolheu, de entre os fidalgos da sua
corte, aquele que julgou mais digno de uma tal aliança, e deu-lhe por esposo João
de Jasso, senhor de Idochim, que ele estimava com afeição e ternura.
11 João era um dos homens mais distintos da sua
época, presidira, por longo tempo, o Conselho do seu soberano; exercera o cargo
de seu embaixador extraordinário junto dos reis católicos Fernando e Isabel; 12 gozava de grande reputação nas letras, e o seu talento, a
sua inteligência e integridade nos negócios públicos, a completa lealdade do
seu caráter e a solidez das suas virtudes, granjearam-lhe a estima e a afeição
de todos os cortesãos.
13 Não querendo o rei de Navarro que se
extinguissem, na pessoa de Maria, as nobres famílias de que era única
descendente, determinou que João de Jasso acrescentasse, ao seu nome e às suas
armas os nomes e as armas dos Azpilcuetas e dos Xavieres.
14 Convencionou-se, além disso, e foi uma das
condições do contrato, que se deste casamento proviessem muitos filhos, 15 o
último adotaria o apelido e as armas dos Xavieres com o fim de conservar, pela
descendência deste, a recordação da mercê que o rei Thibaud I
fizera, 250 anos antes, à família de Aznarez, da casa-forte, e das terras de
Xavier, em remuneração dos bons e leais serviços que ela havia prestado à coroa.
Vocações na família
de Xavier - 16 Deus abençoou generosamente a
união de João e Maria, não somente pelos numerosos filhos que lhes deu, mas
também pela graça que aprouve conceder a dois de entre eles. 17 Todos os sues
filhos, a exceção do último, seguiram a carreira das armas na qual se haviam
nobilitado seus avôs, e todos se distinguiram nela, tanto pelas suas virtudes
como pelo seu valor a talento.
18 Uma só filha concedeu Deus aos votos de D.
João e D. Maria, feitos desde os primeiros anos da sua união. 19 Bela e
virtuosa, como sua mãe, adquirira Madalena a confiança e a afeição da rainha
Isabel, que a chamou para junto de si na qualidade de sua dama de honor a sua
favorita.
20 Não podia, porém, Madalena, no meio do
bulício a dos prazeres da corte, dedicar-se, como desejava, as obras de
caridade a às orações, com fervorosa devoção Crescia-lhe de dia em dia o amor
de Deus, e a sua posição na corte absorvia-lhe todo o tempo que desejava
consagrar a religião. 21 Todos os seus desejos eram entregar-se inteiramente a
Deus, porém via-se forçada a distrair-se, e isto lhe se tornava intolerável. 22
Finalmente, o seu tédio pelas grandezas a prazeres do mundo cresceram a tal
ponto, que abandonou a corte e retirou-se para onde Deus a chamava.
Santidade de
Madalena irmã de Xavier - 23 As santas
religiosas que a guerra forçara a abandonar a Franca, vieram refugiar-se na
Espanha, próximo de Valença, na pequena cidade de Gandia, a ali viviam sob a
rigorosa severidade da sua ordem.
24 O mosteiro de Santa Clara de Gandia gozava do
credito do mais austero da Espanha, a foi sem dúvida por isso que D. Madalena
de Azpilcueta o escolheu e preferiu, 25 e era certamente para ali que Deus a
chamava, porque desde o começo do seu noviciado causou a sua santidade, tida
como um prodígio, a maior admiração, há poucos anos depois foi ela escolhida
para suceder a abadessa que falecera.
26 Deus fazia conhecer muitas vezes os seus
desígnios à devota Madalena. Revelou-lhe um dia que a morte que lhe destinava
seria serena e tranqüila como o sono da inocência; 27 porém fez-lhe conhecer,
ao mesmo tempo, uma das suas religiosas, anunciando-lhe a morte mais tormentosa
da natureza.
Nascimento e destino
de Francisco - 33 Francisco, era o último
filho de D. João e D. Maria. Nascido a 7 de Abril de 1506, no castelo de
Xavier, cujo feudo se lhe destinava, tomou dele o nome; 34 porém tendo mostrado
desde a infância a mais verdadeira dedicação pelo estudo, a ponto de seus pais
conhecerem logo que ele tinha uma decidida vocação pela vida eclesiástica, 35
quiseram que seu irmão imediato, anterior na idade, também adotasse o apelido
de Xavier, que desejavam conservar e perpetuar na sua descendência.
36 Francisco cresceu e à medida que a sua
robusta inteligência e talento se desenvolvia, a sua dedicação pelo estudo
tornava-se em paixão profetizadora de ditoso futuro.
37 Os outros seus irmãos só aspiravam às
distinções na profissão das armas; 38 Francisco, conquanto possuísse todos os
predicados para nela brilhar com todo o esplendor, não tinha por aquela
carreira inclinação alguma, e fácil era prever-se que não seguiria senão a das
ciências.
39 Cursou tudo quanto se lhe podia ensinar em
Navarra, com a maior brevidade e admirável distinção; e como uma tal facilidade
e tais progressos não podiam deixar seus pais em dúvida sobre a resolução que
tinham a tomar, 40 resignaram-se estes a secundar as suas prodigiosas
disposições, mandando-o para a Universidade de Paris. Este sacrifício era
imenso. Já os filhos mais velhos se achavam apartados da família, prometendo
tornarem-se dignos do seu nome.
41 Madalena entrara, alguns anos antes, para o
mosteiro de Santa Clara, e desta numerosa família, o último filho, aquele que
recebera ás últimas carícias prodigalizadas à infância, o único que ficava e
fazia as delícias do lar paterno pelos amáveis dotes do seu espírito, ia
apartar-se também e para muito mais longe! 42 Mas os interesses do seu futuro
assim o reclamavam, e seus pais souberam ser generosos para com este seu filho
muito amado.
43 Francisco tinha então dezoito anos, havia já
concluído os seus estudos preparatórios e desejava completar o curso de
filosofia; partiu, pois, em seguida, e logo que chegou a Paris entrou no
colégio de Santa Bárbara.
Imagem do Cristo Sorridente na capela do Castelo de Xavier o adolescente Francisco Xavier contemplava-a (local de oração) |
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