terça-feira, 16 de setembro de 2025

São Francisco XAvier, padroeiro das missões

 

S. Francisco Xavier, presbítero jesuíta, evangelizador das Índias, padroeiro das Missões

S. Francisco Xavier  (© Compagnia di Gesù)

Quarenta e seis anos de vida, dos quais onze em missão. Por este motivo, São Francisco Xavier pode ser considerado um verdadeiro "gigante da evangelização".

Em sua existência breve, mas admirável pela sua fecundidade missionária, este religioso espanhol conseguiu levar o Evangelho ao Extremo Oriente, adaptando-o, com sabedoria, ao caráter e à linguagem de populações muito diferentes entre si. No entanto, a sua existência parece indicar-lhe um percurso de vida diferente.

Encontro com Inácio de Loyola e Pedro Fabro

Francisco Xavier nasceu em 1506, no Castelo de Xavier, em Navarra, norte da Espanha, em uma família nobre: o pai, Juan de Jassu, era presidente do Conselho Real de Navarra.
Em 1525, Francisco foi a Paris para fazer seus estudos universitários; em 1530, tornou-se "Magister Artium", pronto para a carreira acadêmica. Entretanto, deu um passo a mais na sua vida de fé: no Colégio de Santa Bárbara, onde estudava, o futuro Santo conheceu Pedro Fabro e Inácio de Loyola, com os quais de formou em Teologia.
No início, suas relações, sobretudo com Inácio, não foram fáceis, tanto que o próprio Loyola definiu Francisco "o pedaço de massa mais difícil que amassou". Porém, a vocação missionária já havia penetrado no coração de Xavier, que, na primavera de 1539, participou da fundação de uma nova Ordem religiosa, denominada "Companhia de Jesus".

Catecismo "cantado" para crianças

Ao consagrar-se a Deus e ao apostolado, Francisco partiu, no dia 7 de abril de 1541, para as Índias, a pedido do Papa Paulo III, que queria a evangelização daquelas terras, na época, conquistadas pelos portugueses.
A viagem de Lisboa a Goa, com um veleiro, durou uns treze meses, que se tornou fatigante por causa da escassez de comida, do calor intenso e das tempestades.
Quando chegou a Goa, em maio de 1542, Xavier escolheu como casa o hospital da cidade e como cama dormir ao lado do paciente mais grave. Desde então, o seu ministério foi dedicar-se precisamente à assistência dos últimos e excluídos da sociedade: os doentes, os prisioneiros, os escravos, os menores abandonados.
Para as crianças, de modo particular, Francisco inventou um novo método de ensino do Catecismo: pegava-as nas ruas tocando um sininho; depois, ao reuni-las na igreja, traduziu os princípios da Doutrina católica em versos e os cantava com as crianças, facilitando-lhes a aprendizagem.

Evangelização dos pescadores de pérolas

Além do mais, dedicou-se, por dois anos, à evangelização dos pescadores de pérolas, residentes no sul das Índias, que falavam só o Tâmil. No entanto, Francisco conseguiu transmitir-lhes os princípios da fé católica, chegando a batizar 10.000 em apenas um mês. "A multidão de convertidos era tamanha - escreveu – que, muitas vezes, meus braços doíam de tanto batizar e até perdia a voz e a força para repetir o Credo e os Mandamentos na língua deles".
Contudo, a sua obra de evangelização não cessou. Entre 1545 e 1547, Francisco Xavier chegou a Malaca, arquipélago das Molucas, e às Ilhas do Moro, sem se preocupar com os perigos, pois tinha total confiança em Deus.

Chegada ao Japão

Em 1547, a vida do futuro santo teve uma nova reviravolta: encontrou um fugitivo japonês, chamado Hanjiro, ansioso de converter-se ao cristianismo. O encontro suscitou em Xavier o desejo de ir também ao Japão, para levar o Evangelho à terra do "Sol levante". Ali chegou em 1549 e, embora soubesse da pena de morte em vigor para quem administrasse o sacramento do Batismo, o religioso espanhol conseguiu fundar uma comunidade de centenas de fiéis.

O "sonho" da China

A passagem do Japão para a China foi quase natural. Xavier encarou o "País do Dragão" como uma nova terra de missão.
Em 1552, conseguiu chegar à ilha de Shangchuan, de onde tentou embarcar para Cantão. Mas, foi acometido por uma febre imprevista. Extenuado pelo cansaço e pelo frio, Francisco Xavier faleceu na madrugada no dia 3 de dezembro. Seu corpo foi depositado em um caixão cheio de cal, sem nem mesmo uma cruz como lembrança.
Dois anos depois, seu corpo, íntegro e intacto, foi trasladado para a igreja do Bom Jesus de Goa, onde é venerado. Uma das suas relíquias - o antebraço direito – encontra-se conservada na igreja de Jesus, em Roma, desde 1614.

Canonizado em 1622

Francisco Xavier foi beatificado por Paulo V, em 1619, e canonizado por Gregório XV, em 1622.
Foi proclamado Padroeiro do Oriente, em 1748; da Obra de Propagação da Fé, em 1904 e de todas as Missões (juntamente com Santa Teresa de Lisieux), em 1927.
Seu pensamento pode resumir-se em uma oração, que ele sempre rezava: "Senhor, eu vos amo, não porque me podeis dar o céu ou me condenar ao inferno, mas porque sois meu Deus! Amo-vos porque vós sois vós"!

sexta-feira, 23 de maio de 2025

SÃO FRANCISCO XAVIER NO JAPÃO

Luz e Sombra de Nagasaki

São Francisco Xavier e as raízes do cristianismo no Japão

27 de agosto de 2015

Ao chegar ao Japão em 1549, o padre jesuíta Francisco Xavier desempenhou um papel fundamental na expansão inicial do cristianismo no país. Seu trabalho missionário incluiu pregações em Hirado, no noroeste da atual Prefeitura de Nagasaki, onde o cristianismo se enraizou com mais firmeza e os "cristãos ocultos" preservaram a fé durante séculos de proibição. Hoje, Hirado abriga inúmeras igrejas históricas, testemunhando a influência duradoura dos missionários espanhóis e portugueses.

Francisco Xavier no Japão
A chegada do padre jesuíta Francisco Xavier (1506-1552) a Hirado no verão de 1550 marcou uma importante reviravolta histórica para a remota ilha de Kyushu, que se tornou um centro do cristianismo no Japão. O missionário espanhol desembarcou em Kagoshima em 1549, antes de se mudar para Hirado, no noroeste da atual Prefeitura de Nagasaki, onde passou dois anos e três meses pregando o cristianismo no Japão.

Diz-se que Xavier conseguiu converter cerca de 100 japoneses ao cristianismo em Kagoshima, descobrindo pontos de semelhança entre os ensinamentos cristãos e o budismo. No entanto, após saber que um navio português havia chegado a Hirado em junho de 1550, viajou para a ilha em julho do mesmo ano, acompanhado pelo Padre Cosme de Torres e outro missionário, Juan Fernandez.

A missão em Kagoshima foi deixada para o primeiro cristão convertido do Japão, Anjirō (também conhecido como Yajirō e mais tarde como Paulo de Santa Fé), que ajudou a impulsionar a viagem de Xavier ao Japão. Os dois homens se encontraram em Malaca (hoje na Malásia), uma cidade fortificada que era um centro de comércio internacional na época. Embora existam poucas evidências confiáveis ​​sobre a vida de Anjirō, acredita-se que ele tenha fugido para o exterior em um navio português após cometer um assassinato em Kagoshima. Ele retornou com Xavier em 1549.

Uma estátua de Francisco Xavier na Igreja Memorial de São Francisco Xavier em Hirado.

Solo Frutífero

Diz-se que Xavier conquistou mais adeptos em apenas 20 dias de proselitismo em Hirado do que em um ano inteiro em Kagoshima. Em janeiro de 1551, a primeira igreja do Japão foi construída na ilha, cujas ruínas estão no Parque Sakigata, perto do restaurado Posto Comercial Holandês.

Enquanto isso, Xavier partiu para Kyoto em outubro de 1550, buscando uma audiência com o imperador, onde solicitaria permissão para pregar o cristianismo em todo o Japão — mais uma prova de seu sucesso em Hirado. Ele viajou para Kyoto via Yamaguchi junto com os missionários Fernandez e Bernardo, mas o tumulto do período dos Reinos Combatentes (1467-1568) havia deixado a antiga capital em ruínas. Ao descobrir que o imperador era uma figura de proa impotente, Xavier, desiludido, retornou a Yamaguchi. Durante esse período, Torres assumiu a responsabilidade pelo trabalho missionário em Hirado.

Xavier foi autorizado a usar um templo budista abandonado em Yamaguchi, onde pregou por vários meses. Documentos históricos afirmam que ele converteu mais de 500 japoneses nos seis meses anteriores a março de 1551. Uma visita a Hirado em abril provavelmente esteve relacionada à construção da igreja ali.

Para a Índia e a China

Em setembro de 1551, um navio português chegou à província de Bungo (atual Prefeitura de Oita), em Kyushu. Xavier viajou para lá para ouvir notícias das missões jesuítas na Índia. Concluindo que era mais necessário na Índia do que no Japão, embarcou imediatamente no navio português.

Esse foi o fim da estadia de Xavier no Japão, mas o país permaneceu em sua mente. Percebendo a influência da cultura chinesa no Japão, ele decidiu se mudar para a China e buscar convertidos lá. Chegou à ilha de Shangchuan em setembro de 1552, mas não conseguiu chegar ao continente, falecendo em 3 de dezembro de doença agravada pela exaustão física e mental. Ele tinha 46 anos.

Alguns dos missionários que viajaram para o Japão com Xavier continuaram suas atividades evangélicas, mas poucos anos após sua morte, começou a perseguição e execução de cristãos portugueses, espanhóis e japoneses.

Jesuíta japonês Sebastian Kimura

À medida que o cristianismo se espalhava, sua influência passou a ameaçar o domínio do budismo e o próprio poder do governo central, resultando em hostilidade e perseguição. Diz-se que a primeira mártir cristã no Japão foi Maria Osen, uma mulher de Hirado que foi executada em 1559 após desobedecer à ordem do marido de não adorar a cruz.

O mais famoso dos mártires de Hirado, no entanto, foi Sebastian Kimura (1565-1622), que se tornou o primeiro padre católico japonês. A família Kimura havia sido instruída por Matsura Takanobu, o daimyō de Hirado, a hospedar Xavier quando ele chegasse à ilha em 1550. Uma tradução de escrituras bíblicas selecionadas, concluída enquanto Xavier estava em Kagoshima, causou forte impressão no chefe da família Kimura, que estava entre os primeiros 100 habitantes de Hirado a serem batizados, recebendo o nome cristão de Antonio.

The descendants of Antonio Kimura were closely connected with the subsequent history of Christianity in the area. Antonio’s grandson Sebastian was born in 1565 and baptized at an early age. When he was 12, he became an assistant to a Catholic priest, performing a similar role to Buddhist novices of the day.

Despite the initial reluctance of the Jesuits to appoint Japanese priests, by around 1580 they had come to see the importance of engaging locals in furthering their evangelizing mission. In 1585, at the age of 19, Sebastian Kimura joined the Society of Jesus.

Just two years later, on July 24, 1587, shortly before completing the reunification of Japan, warlord Toyotomi Hideyoshi issued the Edict of Expulsion, forcing the Jesuits out of Kyoto and other locations. While some went to India, others retreated to Hirado or Nagasaki, which were overwhelmingly Christian. Here regional leaders and even daimyōs had been baptized, and it would be many years before the expulsion edict was successfully enacted in these areas.

Monument to the Hirado martyrs.

Under these circumstances, Sebastian Kimura continued his learning in such refuges as Shimabara and Amakusa. In 1595, he achieved another precedent by becoming the first Japanese to attend the Jesuit college in Macau.

Arrest and Execution

In 1600, the same year that Tokugawa Ieyasu established control of Japan at the Battle of Sekigahara, Sebastian Kimura returned to his homeland from Macau. In September 1601, at the age of 36, he was ordained as a priest.

He was first assigned to Kawachinoura in Hirado. But in 1614, persecution of Christians intensified and many priests were driven out of the country, although a considerable number of faithful continued to worship in secret. On June 29, 1621, Sebastian Kimura was betrayed to the authorities by a female servant who had been brought to Japan as a slave from Korea and who believed that by doing so she would win her freedom. Kimura and other believers were apprehended and ultimately beheaded or burned alive at the hill of Nishizaka in September 1622.

Despite persecution, many Christians remained hidden, secretly worshiping for centuries until they were discovered in March 1865 by the French priest Bernard Petitjean.

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Devoção a São Francisco Xavier em Salvador no fim do século XIX.

 Pesquisa de Arôvel Lima, historiador baiano. Direitos reservados.  
Citação: 
OLIVEIRA, Arôvel Lima. Devoção a São Francisco Xavier em Salvador no fim do século XIX. Acervo pessoal. Disponível em: https://arovelprofessorhistoriador.blogspot.com/. Acesso em --/--/----.

1889

"No dia 10 do corrente (maio), teve logar a procissão, que, por voto do povo, se faz todos os annos, nesta capital, em louvor ao glorioso S. Francisco Xavier, padroeiro da cidade. Ao recolher-se occupou a tribuna sagrada o Rvm. padre mestre Manoel Ferreira dos Santos Cunha." - (grifo nosso)

fonte: Períodico Leituras Religiosas. 1889, 4ª edição.

"Quem se apoia em Deus e sabe que Deus o sustém, não pode ser fraco, por maiores esforços que o inimigo empregue" (Revista Leitura Religiosas, 1899, Bahia).

1899

"Sahiu na sexta-feira em procissão de penitencia a veneranda imagem de São Francisco Xavier da Cathedral para a egreja de N. S. da Piedade, onde ficará esposta a veneração dos fieis, acompanharão a procissão o nosso venerando arcebispo, o cabido, autoridades, dez irmandades, e tres ordens, religiosos dos conventos e uma inorme massa popular, rezando-o ladainha e diversos benditosuma foi cerimonia nunca vista."

Fonte: Períodico Leituras Religiosas. 1899, 13ª edição.

Em 1935, a procissão anualmente realizada em 10 de maio, foi marcada pela gravidade social causada pelas  chuvas torrenciais que atingiram a capital baiana. 

O Imparcial, 10/05/1935
O Imparcial, 11/05/1935




sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

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Sou Arôvel Lima, devoto de São Francisco Xavier, grande entusiasta da biografia deste grande santo. Há dez anos, pesquiso a vida de Xavier.

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